Publicado em: 30/07/2022 12:40:44
As reuniões acontecem mensalmente, quase sempre às sextas-feiras, no fim da tarde, na escadaria da UNIR-Centro.
Pesquisadoras do Grupo de Pesquisa em Arqueologia da Amazônia Meridional (Gpaam), do Departamento Acadêmico de Arqueologia (Darq) da UNIR, realizam desde março o projeto de extensão “Mulheres, Histórias, Arqueologias: Feminismos Cotidianos”. O objetivo é “analisar a participação feminina na Universidade e na sociedade em geral a partir do estabelecimento de um espaço de diálogo e discussões conjuntas que resultem em práticas cotidianas de luta contra as opressões que assolam os corpos femininos, além de formar uma rede de apoio feminina”, conforme explica a professora Juliana Rossato Santi, coordenadora do projeto e líder do Gpaam.
As rodas de conversa acontecem mensalmente, quase sempre às sextas-feiras, no fim da tarde, na varanda da escadaria da UNIR-Centro. O evento também tem transmissão ao vivo pelo Instagram @gpaam13, onde ficam registradas as lives das rodas de conversa já realizadas. Para a professora Juliana, “a ocupação das escadarias para conversar sobre esse tema tem um valor simbólico pelo que o lugar representa enquanto espaço de eventos acadêmicos, mas também de lutas e protestos. Estamos ocupando um lugar que é público, acessível e é ao mesmo tempo dentro e fora da universidade”, comenta juliana destacando que a ideia é realmente essa: “Fazer uma roda, sentar uma ao lado da outra para conversar e se apoiar em um local em que todos têm espaço e oportunidade de compartilhar suas histórias”.
A professora explica que a provocação para o projeto partiu de um questionamento principal: o que você já deixou de fazer na academia, profissionalmente ou em seu cotidiano, por ser mulher? A partir dessa provocação e com base em leituras teóricas previamente estabelecida, as(os) participantes compartilham suas vivências cotidianas, observações e escutas de dentro e fora da Universidade, incluindo discussões sobre gênero, raça e classe.
O projeto existe desde 2013, mas foi somente em março de 2022 que as ações foram institucionalizadas e passaram a integrar o portifólio de eventos acadêmicos da UNIR. Com isso, foi possível estendê-lo para um número maior de participantes e atingir também pessoas de fora da universidade, de acordo com a coordenadora.
Júlia Monteiro, acadêmica do 8º período de Arqueologia e participante do projeto, afirma que após compartilhar suas vivências e ouvir os depoimentos de outras colegas foi possível compreender que os problemas enfrentados por ela são também comuns a outras mulheres. “Sou uma mulher preta e consegui identificar atitudes racistas e machistas em discursos que antes eu não via dessa forma, em brincadeiras que não são brincadeiras na realidade, em casa, com amigos e também no ambiente acadêmico. E a roda de conversa é um espaço seguro, apesar de público por conta das lives, em que a gente se sente confortável para compartilhar nossas experiências por ser um ambiente de bastante acolhimento”, comenta.
Para Elizabete Duran Silva, do 7º período de Arqueologia, que também se identifica como mulher negra, a importância do projeto está em debater as opressões, o racismo e o machismo que estruturam toda a sociedade, pois “são preconceitos que vêm de gerações e nos afetam até agora, mas sem conhecimento a gente se cala, sem saber como se defender. Por isso é muito importante que essa discussão aconteça dentro da universidade”.
Próxima roda de conversa será dia 5 de agosto - A próxima roda de conversa do projeto está agendada para o dia 5 de agosto e terá como tema “Reflexão sobre as tiranias engolidas dia após dia, que nos fazem adoecer e até morrer por causa delas, e porque ainda estamos em silêncio?”.
O evento é aberto ao público em geral, e não é necessário fazer inscrição para participar das atividades, apenas os interessados em obter certificado precisam realizá-las pelo sistema Sigaa/UNIR, neste link, ou ainda enviando um e-mail para juliana.santi@unir.br com os seguintes dados: CPF; passaporte (estrangeiras); nome completo; data de nascimento e endereço de e-mail.