Egressa da UNIR assume Iphan em Rondônia


Publicado em: 15/05/2023 10:23:23

A arqueóloga Alyne Mayra atualmente trabalha com patrimônio cultural, arqueologia histórica e negritudes


Alyne MayraA arqueóloga Alyne Mayra Rufino dos Santos, graduada em Arqueologia pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), foi nomeada nova superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Rondônia, órgão vinculado ao Ministério da Cultura e que atua na identificação e salvaguarda do patrimônio histórico, artístico e cultural da Amazônia.

O Iphan possui intensa atuação nas áreas de preservação do patrimônio histórico e na cultura no Estado. Para Alyne, é extremamente importante que o Iphan tenha se unido ao Ministério da Cultura (Minc) para atender as demandas da região amazônica. “Tudo é importante, específico e urgente. Passamos por um período de seis anos de desmonte da área cultural, e a reestruturação do Iphan, nesse novo governo, tem como foco atender a todas as linhas que o Iphan trabalha. No Estado temos muitas demandas, e por ser formada em arqueologia, entendo que todos os tipos de patrimônios são importantes e merecem visibilidade. Temos um estado muito rico culturalmente, e todas as formas culturais devem ser protegidas, visibilizadas e acessíveis”, afirma Alyne.

Para a superintendente, as expectativas na gestão do Iphan são muitas, sendo a primordial delas o compromisso de aproximar a sociedade rondoniense do Instituto: “O Iphan foi criado em 1937 e ainda hoje é muito comum a ideia de que a burocracia necessária para a gestão do patrimônio, seja algo ruim. Percebo que uma das maiores missões é ter Iphan e sociedade andando juntos, para que de fato possamos ter bons frutos quanto a preservação do nosso patrimônio”.

Em suas pesquisas na pós-graduação, Alyne, que é mestra e atualmente doutoranda em Arqueologia, tem se dedicado ao tema dos aquilombamentos urbanos, com enfoque em patrimônio cultural, arqueologia histórica e negritudes. Seu trabalho trata especificamente da cidade de Porto Velho, na tentativa de visibilizar possíveis patrimônios produzidos por coletivas negras no município.

“Acredito que Porto Velho tem bastante contribuição nessa composição histórico-cultural do Estado, mas não só a capital. Temos uma diversidade de bens culturais dispersos em nosso território, e cada um deles possui memórias e histórias de várias identidades. As políticas públicas e gestão de bens patrimoniais devem ser construídas de forma coletiva e com uma diversidade de atores e abordagens”, comenta.

Trajetória, pesquisa e formação – Alyne Mayra foi aluna da primeira turma do Curso de Arqueologia da UNIR, em 2009. "Foi uma trajetória de muita luta coletiva. Logo no início já participei da criação do Centro Acadêmico de Arqueologia, que foi extremamente importante pra conseguirmos a estrutura que se tem hoje no curso. Durante a graduação, fui monitora por duas vezes, participei de diversos projetos de pesquisa e extensão”, lembra.

Com mestrado em Arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), ela agora está cursando doutorado no mesmo programa. Na pós-graduação, foi aprovada em primeiro lugar na seleção da UFS, e também a primeira vez que utilizou a opção por cotas. Para ela, o mestrado foi mais um processo de se reconhecer enquanto arqueóloga, militante, negra e LGBTQIA+. “Todas essas identidades estão interseccionalizadas em mim e na minha pesquisa. Poder fazer uma escrevivência em minha pesquisa trabalhando com arqueologia, me oportunizou ter outras percepções da construção social da nossa sociedade. É muito importante ressaltar que são poucas mulheres negras que estão nas pós-graduações, e o acesso e permanência de pessoas como eu ainda é um problema no Brasil”, conclui Alyne Mayra.

A Arqueologia, para Alyne, é vista não só como algo do passado, mas como estratégia de revolucionar o presente, galgando passos para uma sociedade mais inclusiva e consciente de suas identidades. "Arqueologia é único curso que me vejo cursando. Quando surgiu, era um curso muito elitizado e embranquecido, e ter esse curso aqui para o Norte oportunizou a oxigenação de diversos corpos nesse espaço acadêmico”, conclui.

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