Publicado em: 15/07/2020 09:56:11.558
A professora doutora Juliana Pavan Zuliani, do departamento de Medicina (DEPMED) da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), teve o trabalho intitulado de "Cytosolic phospholipase A2‑α participates in lipid body formation and PGE2 release in human neutrophils stimulated with an l‑amino acid oxidase from Calloselasma rhodostoma venom" que traduzido seria "Fosfolipase A2 citosólica participa da formação de corpúsculos lipídicos e liberação de prostaglandina E2 em neutrófilos humanos estimulados pela L-aminoácido oxidase do veneno da serpente Calloselasma rhodostoma".
Esse trabalho foi publicado em uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a Scientific Reports, pertencente ao grupo Nature que possui aproximadamente 2 milhões de leitores por mês e foi classificada como a 11ª revista mais citada no mundo em 2018, demonstrando o grande respeito que detem junto à comunidade científica.
O artigo em questão mostra pela primeira vez a participação de uma enzima importante do processo inflamatório (fosfolipase A2 citosólica) na formação de corpúsculos lipídicos, uma organela recém descoberta que é responsável por importantes eventos moleculares durante a inflamação, inclusive para liberação prostaglandina E2, uma das moléculas essenciais no processo de sensibilidade a dor. Como modelo de experimentação desse estudo foi utilizada uma proteína que compõe o veneno de uma serpente, que é uma das principais enzimas associadas ao efeito tóxico desse veneno (L-aminoácido oxidase de Calloselasma rhodostoma).
Para desenvolver essa pesquisa o grupo coordenado pela doutora Juliana Pavan Zuliani executou uma técnica que permite a avaliação do transcriptoma de neutrófilos humanos, ou seja, verificar o perfil de expressão de mais de 22 mil genes de uma única vez, comparando um grupo de células afetadas pela enzima do veneno com um grupo de células que não foram afetadas. A partir desse transcriptoma, todo o delineamento do estudo foi direcionado, e assim conseguiu-se verificar a resposta das células frente a proteína do veneno. Com essa técnica chegou-se a conclusão de que vários genes pró-inflamatórios são ativados mediante ação dessa enzima nos neutrófilos. Portanto, esse estudo que faz parte da tese de doutorado do aluno do Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental (PPG-BIOEXP) da UNIR, o Mestre em Biologia Experimental, Mauro Valentino Paloschi, que complementa a missão do grupo de pesquisa em contribuir com o conhecimento do processo inflamatório envolvido no envenenamento por serpentes.
O estudo mostra que uma enzima importante no processo inflamatório participa da formação de organelas que regulam a inflamação e liberação de mediadores inflamatórios em uma das células do sistema imune, quando estimuladas por uma enzima isolada do veneno de uma serpente. Foram desenvolvidas técnicas aperfeiçoadas pelos integrantes do laboratório que envolvem tecnologias aplicadas nos maiores centros de pesquisas do mundo.
Esse estudo começou em 2017, e dá continuidade aos estudos do laboratório que tem mais de 10 anos de pesquisa nessa área. Os efeitos dessa enzima (Cr-LAAO) vem sendo estudado por nosso grupo a algum tempo. Nos trabalhos publicados anteriormente mostramos diversos mecanismos de resposta inflamatória dos neutrófilos estimulados pela Cr-LAAO. e atualmente complementa os resultados obtidos anteriormente e mostra pela primeira vez que essa enzima é capaz de ativar outra enzima para desencadear a resposta celular.
A pesquisa foi feita na cidade de Porto Velho, no Laboratório de Imunologia Celular Aplicada à Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RO) em parceria com a UNIR e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC - Rio de Janeiro), realizada por Mauro Valentino Paloschi, Jéssica Amaral Lopes, Charles Nunes Boeno, Milena Daniela Souza Silva, Jaína Rodrigues Evangelista, Adriana Silva Pontes, Sulamita da Silva Setúbal, Cristina Matiele Alves Rego, Neriane Monteiro Néry, Alex Augusto Ferreira e Ferreira, Weverson Luciano Pires, Kátia Paula Felipin, Gabriel Eduardo Melim Ferreira, Patrícia Torres Bozza e Juliana Pavan Zuliani.
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