Monitoramento comprova baixa qualidade do ar em Porto Velho


Publicado em: 26/08/2021 21:33:23.661


Os dados gerados pela Rede de Monitoramente da Qualidade do Ar no Estado de Rondônia – grupo de pesquisa composto pela UNIR, MP/RO,, Inpa, Ifro, Ufac e Sedam/RO – comprovam o aumento de concentração de material particulado no ar em Porto Velho em função do aumento dos focos de queimadas. As informações foram coletadas por dois sensores de monitoramento da qualidade do ar instalados em Porto Velho e evidenciam o quadro contaminação do ar na capital. De acordo com o pesquisador Artur Moret, professor da UNIR e um dos líderes do grupo, o objetivo da Rede de Monitoramento é acompanhar os níveis de poluição do ar em todo o Estado a fim de fornecer dados científicos que embasem o planejamento e execução de ações de redução das queimadas na região.                         \"\"
Os pesquisadores da Rede de Monitoramento constataram níveis alarmantes de material particulado (partículas poluentes) no ar de Porto Velho, no período de 14/07/2021 a 13/08/2021. No pior dia, em 6 de agosto, a capital registrou 165,425 28 µg/m³ e 174,28 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) de material particulado, sendo que o estipulado como normal pela Organização Mundial de Saúde, OMS, é de até 25 µg/m³ e 50 µg/m³, respectivamente.
O primeiro informativo do trabalho de monitoramento está sendo divulgado esta semana, a partir de dados gerados por dois sensores  Purple Air de monitoramento da qualidade do ar instalados em Porto Velho, um na sede do Ministério Público de Rondônia, MP/RO, órgão que financiou os equipamentos, e outro na Avenida Rio Madeira. A expectativa é estender o monitoramento para todo o estado com a implantação de dois sensores em cada um dos 52 municípios de Rondônia nos próximos três anos.
Resultados preocupantes -Os dados coletados referentes ao período de trinta dias, entre 14/07/2021 a 13/08/2021, indicam que a situação da qualidade do ar na capital está longe do adequado. Os cientistas analisaram a quantidade de material particulado identificada pelos sensores nas dimensões 2,5 e 10 ug/m³, que correspondem a fuligem de queimadas, em sua maioria, e resíduos de queima de combustíveis fósseis. O equipamento também coleta dados de material particulado de outras dimensões, que serão analisados em outro momento.                                                                         \"\"
Para a dimensão de material particulado de 2,5 ug/m³, a OMS indica que o valor adequado para uma boa qualidade do ar é de até 25 ug/m³. Em Porto Velho, os valores ficaram acima do considerado ideal na maioria dos dias monitorados. De um total de 30 dias, a qualidade do ar registrada no sensor do MP/RO foi adequada em apenas cinco (14, 19, 20, 21 e 29/07) e no sensor da Rio Madeira, em apenas três dias (19, 20 e 29/07). De 1º a 13 de agosto, os dois sensores registraram níveis acima do ideal em todos os dias, com prevalência de níveis de poluição considerados muito altos e críticos, conforme especificado no quadro 01.
Já para o material particulado de dimensão 10 ug/m³, os níveis considerados ideais pela OMS são de até 50 ug/m³. Nesse caso, os dados dos trinta e um dias, entre julho e agosto de 2021, demonstram níveis de material particulado superior ao ideal em mais da metade do período. O sensor do MP/RO registrou índices adequados por quinze dias e níveis acima do normal em 16. Já de acordo com o equipamento da Rio Madeira, a qualidade do ar foi adequada em apenas 11 dias, com índices de poluentes considerados altos ou críticos em 20 dias, conforme demonstra o quadro 02.
O pesquisador Artur Moret adianta que dados mais recentes da segunda quinzena de agosto, a serem divulgados no próximo informativo (nº 02), registram índices de material particulado superior a 500 ug/m³. “Significa 20 vezes mais poluentes do que o considerado ideal para uma boa qualidade do ar e, consequentemente, para a saúde da população e do meio ambiente, uma vez que a maior parte dessa poluição é causada pelas queimadas e incêndios florestais”, alerta o professor.
Além do evidente prejuízo para saúde, o professor ressalta que os dados da pesquisa de monitoramento da qualidade do ar podem ser cruzados com outras áreas de pesquisa para avaliar. Exemplo disso é o impacto da poluição do ar para a prática de atividades físicas, a influência das queimadas e mudanças climáticas no estado, prejuízos para a agricultura e para o meio ambiente, entre outras inúmeras possibilidades.
“Com a continuidade da pesquisa, dentro de um ano poderemos fazer um comparativo entre os meses e apontar com exatidão os períodos que tiveram maiores índices de poluição do ar. E assim, com base nos dados científicos, evidenciar para prefeituras e governos a necessidade de se fazer intervenções para diminuir as queimas nesses períodos de piora do quadro”, concluiu Artur Moret.

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